terça-feira, 2 de setembro de 2008

Desfio (nús)




Desfio
Teias de tempo.
Afasto horas,
Abro caminhos,
Passos sabidos de ti
Sorriem na bruma.
É a madrugada
Que molho no reencontro,
Que grita o teu nome
À luz cega do abraço.
Desfio
Saudades, palavras, olhares,
Hoje volto,
Hoje tomo
Em ti o meu lugar.


tulia

segunda-feira, 1 de setembro de 2008

Volto





Tudo o que houve
Foi espaço
Fios de ar
Fios de saudade
Distância de te tocar
Sonho a tua mão
E alcanço o teu olhar



gvasc

sexta-feira, 1 de agosto de 2008

Férias






E a tua mão na minha nos aquecer.



gvasc

Férias






Palavras novas só em Setembro.
Quando as noites refrescarem.



tulia

quarta-feira, 30 de julho de 2008

Perdão




Arrepiados caminhos
Que nas lutas de lingua
Advérbios, sinónimos putativos,
Ainda mais adjectivos
Arremessados
Na expurga do odor-dolor
Nos fazemos combativos,
Quando apenas queremos
Dizer
Perdoa amor!


tulia

terça-feira, 29 de julho de 2008

A minha praia




Ao longe,
A maresia triste e piada
Na gaivota solitária
Da praia nunca pisada
Vazia.

Ao longe,
Azuis e verdes lamento
No choro triste e profano
De águas sem nau nem leme
Canto.


tulia

segunda-feira, 28 de julho de 2008

Lembranças de ti




Dependência de ti
Nos ruídos distantes
Que me faíscam
Estrelas cadentes
No tempo que passa.
Brandos odores
Nas cadeiras vazias
Que me quebram
Ilusões de vidro
No sonho que passa.
Memória viciada
Nos sussurros mastigados
Que me rasgam
Saudades caladas
No homem que passa.


gvasc

domingo, 27 de julho de 2008

Poemar




No gosto das páginas vencidas
De tinta sanguinária de azul
Apruma desejos malfadados
Nas cheias linhas contidas.
São ânsias, suspiros e ais,
Solidões, saudades a mais.
São calores, arrepios,
Vontades,
Mão cheia de vaidades,
Corpos de seda vestidos,
Amores suados, sentidos,
Transparência
De branco-tule.


tulia

sábado, 26 de julho de 2008

Emigrante




Já queimei passados
Ardi com eles
Comi terra e memórias
Fui herói vencido
Nas perguntas rasgadas
Nos poemas vendidos
Cheguei fogo a desejos
Esqueci casa e retorno
Fiquei preso
A um porto
De cinzas sentido.


gvasc

sexta-feira, 25 de julho de 2008

Nas tuas costas




Ando
Perdido
Pela linha das tuas costas
Canal
Loucura
Sem desvio de tortura
Guia
Ondeada
Perfeição entalada
De suor bebido.

gvasc

quinta-feira, 24 de julho de 2008

Vibratto




Ainda chegas,
Ainda me tocas, onde um dia
Harpas partiram cordas
Nos sentidos molhados
De nossas mãos atadas,
No acto solo
De bocas beijadas.


tulia

quarta-feira, 23 de julho de 2008

Chá de ti




Alimentaste o meu amor,
A minha boca,
O meu corpo.
Deste sede ao que te quería,
E eu quería tudo!
Flores, beijos e poemas,
Plena de lua e cheia de mar.
Ausência a tua
No tempo perdido...
Foste.
Partido.
Eu ainda quero tudo!
Ido,
Ainda assim me alimentas,
Faço chá das tuas letras,
Trago poemas de dor
Na boca cheia de beijos,
Que os sinto salgados mas meigos
No murchar dessas flores.


tulia

terça-feira, 22 de julho de 2008

Não me compares




Das flores dadas
Na paixão ardente,
Queimou-se o tempo de nós.
Apartados ou desalento
Que importa agora?
Do dado sobram ainda flores,
Paixões e também temores,
Ciúme e sabores
De um dia outras
Arderem,
Tão igual como outrora.


tulia

segunda-feira, 21 de julho de 2008

Acordada




Anda, vem,
Quantas vezes te chamo
Pelo vento, pelas marés
Anda amor, vem,
Tantas vezes gritado
Outras tantas soprado
Um eco que hesito
No desejado
Amor,
Vem, anda,
E tu vens,
Devagar pelas ondas do mar,
Pela brisa da manhã
Amor,
E no sono descanso
Do sonho acordado.


tulia

domingo, 20 de julho de 2008

O teu é único




Alheio-me em beijos
Saboreio-os
Mordo-os
Sinto-lhes a saliva
Não te sinto o cheiro.
Analiso-me nas bocas
Tocadas
Afloradas
Rasgadas
Bebo-lhes o molhado
Não me tiras a sede.
Provo-me em linguas
Polposas
Reprovadas
Revoltosas
Toco-lhes a carne
Não te agarro o corpo.
Procuro-me no céu
Macio
Quente
Pecaminoso
Condeno-me
Dás-me o Inferno
De não ser o teu.


gvasc

sábado, 19 de julho de 2008

Guardar-te




Fotografo
Sombras
Manchas
Silhuetas.
Recorto
Limites
Figuras
Picotados.
Colo
Em álbuns
Invisíveis
Diáfanos
Profanos.
Descobrir-te
Achar-te
Agarrar-te
Em frames da minha memória
Icone
Da minha existência.


gvasc

sexta-feira, 18 de julho de 2008

Aprender a esperar




Aprendi a esquecer,
A sentir mais nada,
A morrer por cada dia que passa
Depois
De ti.
Aprendi o antes
E o qualquer dia,
Dois tempos marcados sem poesia
Depois
De ti.
Aprendi a esperar
Pela neve no Estio,
A Lua ao meio-dia
Horizonte sem fio.
Depois de ti
Fiquei parada
Sem noite e sem alvorada.
Aguardo quieta
A hora marcada
No regresso
Aos dois a vida destinada.


tulia

quinta-feira, 17 de julho de 2008

Faço-te em poema




No modo do advérbio
Componho razões
Para te ilustrar
No sufixo
De tantas paixões.
Adjectivo-te
Meigamente,
Assustadoramente,
Sofregamente...
Na legenda
Leia-se melhorado.
Pois sei que de pontos
Fazes períodos,
Finais cumpridos
Nos agás mudos,
Roubas-me o ar,
Tiras-me as linhas
Suspendo a tinta
Nesta adivinha:
Se és tu homem
Se poema a desejar.

tulia

quarta-feira, 16 de julho de 2008

Beber saudade




Embebedo-me
Ciúmes alcoólicos
Sarram-me
Noites vertidas.
Embriago-me
Ódios etilicos
Adoecem-me
Madrugadas sózinhas.
Hepaticamente
Grito o teu nome
Em cada copo vazio.


gvasc

terça-feira, 15 de julho de 2008

Pele




Diz o meu corpo
Que foste feito para mim
Das palavras e do gesto
Não estarei tão certa
E mesmo assim
Incerta
Desvario-me cega
Quando perto
Tacteio pele de ti.


tulia

segunda-feira, 14 de julho de 2008

Um para a despedida




Acenei mas tu largo
De passos e despedidas
Olvidaste
No tom amargo
O beijo que eu quería.
Era um só
De lembrança, de segredo
No meu peito,
Guardado a chave única
De feliz sem pranto.
Mil momentos de vida
Tivémos, tu sabe-lo bem,
E de tantos beijos
Trocados
Nem um só ficou, porém.


tulia

domingo, 13 de julho de 2008

Imaginário




Indecentemente
Escrevo-te em linhas do desejável
Aproximo-te do real
Pinto em cores fortes
Flores assustadas
Salgo-te a boca em palavras
Imaginário cruel
Nos tons cavos
Dos sonhos de papel.


gvasc

sábado, 12 de julho de 2008

Barcos de papel




Nas naus das histórias
É que faço os meus sonhos.
Lanço aos mares
Barcos de folhas de papel
Onde inscrevi o teu nome.
Navego em águas claras,
Calmaria de horizontes,
Fio de sol, fio de mel
Em que suave me guias
No seguro coração
De porto, tua baía.


tulia

sexta-feira, 11 de julho de 2008

No meu corpo




Peço-te loucura
Desaforo
Demência
Dás-me paixão
Dor
Lascívia e derrocada
Quero-te toda
Por fora e por dentro
Tens-me
Inteiro e pleno
De tua boca alimento
Migalhas de alma
Fera solta
Devassa.


gvasc

quinta-feira, 10 de julho de 2008

No teu corpo




Somo desafios
Vagarosa noite do teu corpo
Cálida cegueira
Que me atira
Em montes, vales e perdição.
Perfeição brutal
Aperto dedilhado
Desaperto de pele, alma e paixão.
Vencidos desafios
Mansa noite acordada
Incêndio
Chama ou faúlha
Lento ardo
Entre tuas pernas deitada.


gvasc

quarta-feira, 9 de julho de 2008

No meu pomar




No meu pomar
Há cerejeiras e macieiras,
Flores de açúcar,
Flores de rosa,
Flores de pálida seda
Que nos rebentos a sangrar
Me anunciam Primaveras.
Que do renascer em cada flor,
Há cerejas nos meus lábios,
Maçãs escondendo pecados,
Sentidos irisados
Entre risos e desejos,
Amor, paixão e beijos,
Do meu pomar sempre em flor.


tulia

terça-feira, 8 de julho de 2008

Amores sentidos




Do obscuro sentido das coisas
Renasço palpitante
Em sexos do coração.
Da primeira como da segunda
Penetro amores
Forte
Violento
Derradeiro.
Do obscuro sentido dos sentires
Alimento constante
Em olhos do coração.
Até à última como da primeira
Amo amores
Doce
Suave
Verdadeiro.
Homem em paixão.


gvasc

segunda-feira, 7 de julho de 2008

Sou outro




Na solidão cansada
Da companhia da vida
Procuro desterro
No verso interrompido
De te lembrar em branco
Na linha escrita
Com que te faço.
Refaço-te
Acompanho-me
No fel memorável de outro.
E outro vivo
Enquanto te escrevo.


gvasc

domingo, 6 de julho de 2008

Sim e não




Há nãos
Que são sins
E nãos que são não
Te vás embora.
Há nãos
Que são sins
E nãos que nunca serão
Foste embora.
Há nãos
Que são sins
E nãos que não são nãos nem sins
E coisa alguma
Ou outra que se queira
E mesmo sendo sim
Sempre serão não.
E dos sins que são nãos
Quero ir embora
Pois embora um não seja um não
Sempre é um sim
Para ir embora.


gvasc

sábado, 5 de julho de 2008

Vicios




Do teu copo
Melancolicamente bebido
Embebedo-me
De alcoois
Sinto as chamas
Arderem-me
No teu olhar liquido
Afundo-me
Na tua boca
Vicio-me
Na tua lingua
E do céu
Bebo melancolicamente
Perdido


gvasc

sexta-feira, 4 de julho de 2008

Como uma dança




No balanço desta dança
Vertida no teu olhar,
Segurei o meu caír,
Rodei a minha saia,
Despiste o meu vestir.
Era lento
Que me tomavas,
Nos braços ao alto
Domavas,
Passos contados são asas,
Voam longe, voam raso!
No peito o teu abraço
Que da cintura amparavas
Sentidos, sofrego, suspiros,
O desejo incontido.
Da musica não lembro mais,
Só o toque compassado
Do teu corpo já no meu.
Deixei-me perder no balanço
Vertida sobre o teu ombro,
Ritmo manso consentido.


tulia

quinta-feira, 3 de julho de 2008

Afundar




Do sino
Escuto lamentos
Que dos meus
Faço repiques
Ausência branca
Nau ardida
Coração perdido
Paixão vendida.


gvasc

quarta-feira, 2 de julho de 2008

Fácil e difícil




Tão fácil
Dizer-te o quanto quero
A tua mão na minha,
O sol em Janeiro,
A lua no meu quintal,
O teu sabor no meu,
A tua voz na minha melodia.
Tão difícil
Dizer-te que te quero,
Que preciso de ti,
Que és sonho só pra mim.
Que te amo,
Que te venero.

tulia

terça-feira, 1 de julho de 2008

Cá por dentro




Das entranhas do homem
Também há dor
Sorte
Maldição.
Há danças de ninfas
Luas de feiticeiras
Medos de menino
Artes guerreiras.

Das entranhas do homem
Também há mulheres
Materna
Fraterna
E a liberta
Que beija e verte
Eterna
Como musa do poeta.



gvasc

segunda-feira, 30 de junho de 2008

Eu poeta me confesso




Rimas
Artes macabras do meu sentir.
Conjugações
Vis sonoridades do meu coração.
Versos
Alinhamentos suicidas do meu ser.
Poesias
Cruéis verdades que me fazem mentira.

gvasc

domingo, 29 de junho de 2008

Brancas




Em branco
Visto a memória
Que escorrega pelas horas
Dum passado à tua espera.
Marca nívea
Desse tempo
Em que a noite era o dia
E o dia o meu lamento.
Esperava e desesperava,
Ardía o sal que chorava
Nos passos da porta batida.
Eu em branco
Enganava-me,
Viúva já o era
Só eu não o sabía...
Por isso
De outras cores
Tenho a lembrança vazia,
Guardo a alvura
Dessa dor, mágoa e desamor
Eu à espera,
Tu não vinhas.

tulia

sábado, 28 de junho de 2008

Fado do ladrão




Bate-me
A noite no rosto
Atordoa-me o desejo.
Dormência
De quem procura
Mas no negro acha e cura
Paixão que fulmina
O beijo.
Abate-me
A saudade no peito
Dilacera-me o dia.
Memória
De quem já teve
Mas num tempo leve e breve
Ladrão que nunca ensina
O amor
A ser perfeito.

gvasc

sexta-feira, 27 de junho de 2008

(Em)Canto




Mataste-me o encanto
Das histórias de menina.
Outros risos,
Outras tranças,
Magias que desfiavas
No cantos e nas danças
De palavras inventadas.


tulia

quinta-feira, 26 de junho de 2008

Dia do amor




Não passa de hoje,
Digo-te,
O dia em que o tempo pára,
O dia em que o tempo morre,
O dia em que o dia é dia
De te dizer
O que o tempo encolhe.
Ele sabe
O que te digo,
O quanto te trago comigo
Nesta vida que nos foge.
Por isso
Não passa de hoje,
O dia em que o tempo amigo,
O dia em que te digo,
Meu amor,
Eu vou contigo.

tulia

quarta-feira, 25 de junho de 2008

Para ti Poeta




Escrevo nas folhas da árvore
Palavras soltas,
Beijos tontos.
Saudades de ti
Poeta.
Espero que a brisa
As sopre
Em rimas certas,
Quadras concretas,
Do quanto me tolhe
Saudades de ti
Poeta.
Mando dizer que são tuas
As folhas do meu caderno
Que da árvore
As fiz minhas
Sem a espera do Inverno.
Saudades de ti
Poeta.
Sejam verdes ou douradas,
Levam verbos,
Levam beijos
Levam a tua morada.
Tu em mim
Poeta.

tulia

terça-feira, 24 de junho de 2008

O que foi




Já não há flores para ti.
Nem poemas.
Nem acenos.
Foste e levaste tudo.
Doce vinho
Doce veneno
Doce vida a que eu tinha
De poetas
E chegadas.
Foste e rasgaste tudo.
Acre néctar
Negro fel
Parda vida a minha
Poupada.

gvasc

segunda-feira, 23 de junho de 2008

Nos teus beijos




Deixei-me ir.
Perdida.
Num mar de sonhos,
De olhos fechados,
Ilusões e desejos,
Sentidos ensejos,
De braços pendentes
Sem força de pé.
Deixei-me ir.
Presa.
Nos teus beijos.

tulia

domingo, 22 de junho de 2008

Partidas




Cadeiras vagas
Silêncio da tua pele
Arrepios
Brancos do teu corpo
Ecos a roxo
Despedidos
Abecedários calados
Olhares mendigos
Confissões
Batalhas
Eu vencido

gvasc

sábado, 21 de junho de 2008

Depois da noite




É no clarear da madrugada
Que afago o teu corpo
Repousas histórias
Em noites mil
Cansada
Bebida
Amada.
É na luz da alvorada
Que durmo a tua essência
Fechas segredos
Em olhos meus
Contada
Vivida
Marcada.

gvasc

sexta-feira, 20 de junho de 2008

Sons do silêncio




Não sei do que falas,
Que gritos,
Que berros,
Que sonhos e desenganos
Reclamas da vida!
Se do amor
Fizeste ruído,
Da paixão
Tão só zumbido,
E de mim
Silêncio na despedida!

tulia

quinta-feira, 19 de junho de 2008

Nada




Do verde crescer dos dias
Escondi
Cigarros fumados
Nas vielas de putas frias.
Esperei.
Desesperei.
Do gato vadio que mia
Entreguei a alma
Tombei em telhados
Perto do céu
Em gritos a espantar
Sol e vida.
Não quería.
Não me quería.
Desencontro que procuro
Ruídos que acho
Combino luto e fogacho
Sou fantasma
Sou sombra vazia.

gvasc

quarta-feira, 18 de junho de 2008

À noite




A noite percorre-me.
Como paredes escorridas
Da escuridão que lambe
Horas até à madrugada,
Memória inventada
De felicidades perdidas.
A noite despe-me.
Como sentidos cegos
Nas mãos lidas
De carne marcada,
Lembrança dedilhada
Em silêncios ternos.
A noite toma-me.
Como amantes mil
Nos sexos forjados
Com tempo contado
Resta a despedida,
Chega a madrugada.

tulia

terça-feira, 17 de junho de 2008

Sina




Sombras
Cinzentos
Esquinas
Pardacentemente
Divago-te.
Cigarros
Fados
Saudades
Melancolicamente
Visito-te.
Quartos
Suores
Duetos
Desgraçadamente
Despeço-me.

gvasc

segunda-feira, 16 de junho de 2008

Quero




Desta vez sopro as nuvens,
As riscas de chuva
E calo os trovões.
Quero ouvir as cigarras,
Os melros, o jasmim,
O aguadeiro, a sina fadada,
As ondas do mar,
Quero tudo só pra mim.
Quero entoar os pregões
De todas as vidas,
Sol, estrelas e outras divinas,
Afastar os ruídos, saudades,
Feitiços, luas, maleitas
E outros serviços,
Quero-os tão longe de mim!
Desta vez a Primavera,
Clamo-a no som
Da doce cor anilada,
Que de cinzas abraços
Doeu-me o Inverno
Frio, farto de tantos cansaços.
Quero amar.
Quero amar
Sem tréguas, sem marca,
Desta vez uma voz
Que escuta e navega,
Silencia os trovões,
Planta uma flor,
Quero ser de novo
Tempestade, paixões.

tulia

domingo, 15 de junho de 2008

Talvez




Talvez não sejas
Nem rosto, nem mãos,
Nem sexo, nem aura.
Uma ilusão.



Um delirio
Palavras
Amores
Reinados.
Um desejo.
Vinho
Busca
Talismã.


Talvez não sejas
Nem deserto, nem oásis
Nem mulher, nem imagem.
Sangue.


Paixão
Poema
Perdição.
Talvez.


gvasc

sábado, 14 de junho de 2008

Tu e eu




Entre nós os nós
Dedos
A minha mão na tua.
Entre nós as palavras
Lábios
O sabor do teu dizer no meu.
Entre nós o olhar
Silêncios
O grito do meu brilho no teu.
Entre nós o abraço
Segredos
O desejo do teu querer no meu.
Entre nós o corpo
Loucura
O fundir de dois em céu.

gvasc

sexta-feira, 13 de junho de 2008

Entre os meus dedos




Finas areias cobrem o teu corpo
Perco nelas os meus dedos
Procuro,
Escavo,
Debulho
Suores sentidos.
Acho as minhas mãos
Escapas-me em fio
Corpo,
Alma,
Grãos
Que conto perdido.

gvasc

quinta-feira, 12 de junho de 2008

Pequeno poema da dor



Recuso a poesia
Faço-me terra.
Sepulto-me na dor
Da ausência
Entre cheiros de saudade
E acres de nostalgia.
Mato-me.

gvasc

quarta-feira, 11 de junho de 2008

Mesmo assim



Mesmo que eu não queira
Nasce o sol todos os dias.
Mesmo que de noite me vista
E do cabelo solte as lágrimas

(Doridas)

Mesmo que eu não queira
Vem a gaivota piar.
Mesmo que o mar me arda
E das ondas conte sete

(Gemidas)

Mesmo que eu não queira
Grita a flor a Primavera.
Mesmo que do frio me aqueça
E das mãos renasçam linhas

(Sofridas)

Mesmo que eu não queira
Há-de o amor regressar.
Mesmo que de enganos me pinte
E dos sonhos iluda vidas

(Sentidas)

tulia

terça-feira, 10 de junho de 2008

Menina-Mulher



Ergues de ti mesma
Uma outra
Rameira
Vermelha
Escarlate.
Volteias na saia erguida
Coxas
Loucura
Maldade.
Apelas ao meu olfacto
Picante
Ardente
Fátuo.
Mordes na lingua sabida
Sons
Saliva
O acto.
E dormes por fim cansada
Mulher
Menina
Amada.

gvasc

segunda-feira, 9 de junho de 2008

As flores



De todas as flores
As que guardo mais,
Restam entre páginas,
Secas.
Não são flores banais,
São as que me deste,
Em linhas de negro ajeitadas
Como ornamentos de dor,
Abraçadas.
São ainda flores de cheiro,
Estios perfeitos,
Sem banalidade de odor.
São as que guardo mais,
Junto ao peito
Apertadas em amor.


tulia

domingo, 8 de junho de 2008

Leva-me



Leva-me.
Peço-te, leva-me contigo
Nesse arrasto que me devasta,
Que me afoga,
Que me afunda
No teu olhar
Liquidos e fluidos
Que me vencem a vontade.

Perde-me.
Peço-te, perde-me em ti
Nesse mergulho que me inunda,
Que me come,
Que me arde
No teu corpo
Labaredas e paixões
Que me chamam homem.

gvasc

sábado, 7 de junho de 2008

Danças-me

.
Danças como quem se perde.
E no entanto,
Alojas uma outra tão maior.
Uma mulher que desconheço,
Que desconserta,
Que concertos faz em mim
Claves de sol nascente
Despontando flores de lis.
Danças,
Entonteces-me,
Teces-me,
Corpo a corpo
Quero-te de raíz.

gvasc

sexta-feira, 6 de junho de 2008

Noites de poesia



Em noites longas e prata
Faço rimas em horas vagas,
Elego poemas a ti
No escorrido d'espera.
Aqueço o teu lugar
Nas linhas que pontuo
Entre lençóis de linho
E saudades qu'amachuco.
Faço-te presente
Na distância do abraço,
Toco o teu corpo
Conjugado no cansaço
E adormeço,
Só,
Em poesia quebrada.

tulia

quinta-feira, 5 de junho de 2008

Minha lua




Vieste tão branca e nua,
De vermelho só a boca.
Comías beijos,
Tragavas desejos
E eu, em ti
Sôfrega
Desatava luas.

gvasc

quarta-feira, 4 de junho de 2008

Nossas mãos



Há
Nas tuas mãos histórias de vida.
Viajo nas linhas tortas
Dores e sorrisos,
Trejeitos e sentidos,
Amores tão desvalidos.

Há
Nas tuas mãos sinais de tempo.
Sigo nas linhas curvas
Fossos e memórias,
Bandeiras e derrotas,
Beijos como vitórias.

Há
Nas tuas mãos, minhas também.
Aperto em nossos destinos
Traços como sentidos,
Força e carinho,
Nós que atam em história.

tulia

terça-feira, 3 de junho de 2008

Pintor meu


Olhei-te pintor.
Derramaste vermelhos
Até púrpura paixão me dobrares.
Do azul metalizaste
Orgasmos de branco,
No amarelo um sol contra-luz,
Marmoreaste roxos pelos teus dedos
Na pele fina e rosa de mim...

E eu quería pintor.
Quería tudo e quería nada,
Quería cor e quería negro,
Quería uma tela vazia
Quadrada para me fechares
Em mulher que te quería.

tulia

segunda-feira, 2 de junho de 2008

Era um sonho


Chamei, chamei
Na mão silenciada
Pela âncora da tua,
Os segredos que nos seguram.
Distante, tão distante
Em mim ecoavas
O voo do aceno,
Açor perdido no nosso lamento.
Chorei, chorei
Mares abertos
Sem naus afoitas,
No grito soçobrado deste teu sonho.

tulia

domingo, 1 de junho de 2008

E à primeira vez


E da primeira vez tudo bule
Tudo marca,
Dos teus dedos em brasa
Queimo beijos,
Solto sonhos,
Arrisco desejos
No incontido da palavra!

tulia

A primeira vez


A primeira marca em brasa
Do ferro só a verdade
Do sonho só a vontade.

gvasc