segunda-feira, 16 de junho de 2008

Quero




Desta vez sopro as nuvens,
As riscas de chuva
E calo os trovões.
Quero ouvir as cigarras,
Os melros, o jasmim,
O aguadeiro, a sina fadada,
As ondas do mar,
Quero tudo só pra mim.
Quero entoar os pregões
De todas as vidas,
Sol, estrelas e outras divinas,
Afastar os ruídos, saudades,
Feitiços, luas, maleitas
E outros serviços,
Quero-os tão longe de mim!
Desta vez a Primavera,
Clamo-a no som
Da doce cor anilada,
Que de cinzas abraços
Doeu-me o Inverno
Frio, farto de tantos cansaços.
Quero amar.
Quero amar
Sem tréguas, sem marca,
Desta vez uma voz
Que escuta e navega,
Silencia os trovões,
Planta uma flor,
Quero ser de novo
Tempestade, paixões.

tulia

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